sexta-feira, 6 de julho de 2012

Baba, baby.




Goiano é vanguardista. Foi quem primeiro colocou dupla sertaneja em cima do trio elétrico e fez festival de rock com show de axé. Mas quem disse vanguarda é sinônimo de qualidade? Fica a pergunta no ar.
O fato é que foi num desses festivais de rock, ao som do axé, que aconteceu essa peculiar passagem da minha vida.
Depois de todas as peripécias típicas de uma micarê, é chegada à hora de ir embora. Uma colega de trabalho, que encontrei durante o show, apareceu do meu lado totalmente fora de órbita e perguntando se poderia ir embora comigo. Disse que sim, claro. Cortês e gentil por natureza, jamais negaria tal pedido. E até mesmo porque não tenho o direito de escolher quem entra ou não no mesmo ônibus que eu. É. Eu ia embora de busão. Não sei se ela sabia disso antes de perguntar, mas o fato foi que ela topou e fomos embora juntos.
Entram os dois gambás bêbados no ônibus e de repente o corredor se transforma na ponte do rio que cai. Coisa mais difícil do mundo é andar em corredor de ônibus em movimento. Quando sóbrio, tentava fazê-lo sem usar as mãos como apoio. Ao final do corredor, parava e ficava equilibrando, me achando o surfista prateado. Bêbado, todas as mãos parecem inúteis. Todas as quatro. Com muito sufoco chegamos ao banco alto que tem quase já no fim do ônibus.
Ela tava com tanto álcool no corpo que se eu esfregasse o seu suor em minhas mãos ia desinfetar igual álcool em gel. Enfim, ela não resistiu e caiu de cara no meu colo. Depois de já acomodada perguntou se podia. Fiz que sim com uma leve cara de “me gusta”.

Com o balanço do busão e sem o braço da poltrona pra atrapalhar, logo veio a libido despertada. Minhas próximas ações desencadearam uma série de memes.
Chequei ao redor do baú. Razoavelmente vazio. Pensei: dá pra ser.

Abri meu zíper. Puxei o amigo pra fora. Ela fez a parte dela.

Entrou um cara no ônibus e ficou olhando a cena enquanto passava na roleta. Segurei a cabeça dela pra disfarçar o movimento.

O cara passou, sentou atrás da gente e não falou nada.

Continuei só na alegria até que o ônibus parou na estação final e nós descemos.
- Posso dormir na sua casa? – Ela perguntou
- Deve! – De cara. Sou assim, direto.
- Você vai fazer amor comigo?
- ...
Fomos até a famigerada kitnet que eu habitava num funesto bairro de Goiânia.
A kit era pequena. A pia era no quarto. O fogão era no quarto. A sala era o próprio quarto. E tinha um banheiro. Incômodo, porque era tão próximo da cama, que quando ia usar, sabia que a mulher tinha percepções 3D sobre tudo que rolava lá dentro. Inclusive do cheiro.
Enfim.
Deitamos na cama e fomos pro que interessa. Tira roupa daqui e dali.
Agora, nesse momento, creio que cabe a descrição física da minha companhia. Esperei até aqui pra poder atirar tudo de uma vez e não fazer vocês sofrerem aos poucos.
Ela era branca. Braquelíssima! Com aquelas barrigas de chopp. Cabelo curto e enrolado. Dentes de serrote. Bafo. PQP que bafo! Os mamilos eram maior que o peito em si. O fim do mamilo morria no começo das axilas, que pra ajudar, tinham aqueles pelos de quem não se depila há uns 7 dias. Bunda não existia. Deve ter apanhado de remo tão forte que a bunda foi parar na barriga. Se for verdade, ela teria um bundão, porque barriga, ali tinha. Umbigo pra fora. Com pelos. O "caminho da felicidade" dela era maior que o meu.
Mas, esse é o pior, isso não era nada em relação ao mais grotesco que vi em toda minha vida. A mulher usava uns óculos de armação redonda com uma lente quadrada! Um puta fundo de garrafa quadrado encaixado numa armação redonda! Ela me explicou que quebrou o antigo e tal e ela deu uma improvisada. A mulher era, fácil, um dos bípedes esquisitas que já vi em toda a vida.
E não tirava os óculos nem para o coito. Eu estava lá, por baixo, olhando praquela cara de óculos redondo e quadrado, tentando não olhar pros mamilos, aquele sorrisão bobo de dente torto e eis que de repente...
A MINA BABA!!!
Quero acreditar que rolou um prazer legal pra ela e tal. Mas foi aterrorizante pra mim. Do nada ela manda um “ahnnnn...” e começa a escorrer uma baba da boca dela. Tipo um São Bernardo albino olhando um frango assado. Maior babão. E foi caindo sem separar. Tipo as do filho do Adam Sandler em O Paizão. 
Lembro de acompanhar cada milésimo de segundo daquele fio de baba vindo em direção ao meu peito. Larguei um Arrrrrhg!!! E deu um empurrão de lado na mulher. Parada meio Timberlake em Segundas Intenções.
Ela fica do meu lado na cama e logo depois pede um beijo.
- Filha, faço participação especial em 2 girls and 1 cup, mas não beijo essa boca sua - pensei.
- Não posso. Eu tenho alguém. Beijo é muito pessoal - falei.
- Ela não entendeu, mas aceitou. Virei de lado e tentei dormir. Em vão. Minutos depois, batem no portão. Era o “alguém” que falei a ela.
- Se veste ae na moral. Tu tem que vazar.
- Nossa ela vai me ver. O que eu faço?
- Relaxa. Deixa comigo. Só não fala nada.
Abri o portão. Entrei no quarto com a outra. Ela estava terminando de amarrar os tênis.
- Minha amiga do trabalho. Não teve como ir embora ontem, dormiu aqui.
- Ah, oi – respondeu educada
- Eae? – Mandou a salamandra
- Até mais tarde então. A gente se vê lá. – Falei enquanto ela ia embora. E disse à outra.
- Topei com ela na rua ontem. Ela estava no show também.
- Foi bom?
- Foi
- Se comportou?
- Claro. Única mulher que cheguei perto foi ela. Haha. – Disse sorrindo.
- Essa pode. Essa não tem perigo de tu fazer qualquer coisa. Se fizer é louco.
- Eco. Nem dá ideia que dá nojo.
- haha.
Deitamos, desligamos a luz e parti para o segundo tempo. 



@Danilomaranhao

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