O humorista carrega consigo o fardo da tristeza. De olhar argucioso, vê, na tragédia, nutrientes do riso e contempla a plateia com alegria que dentro de si já não existe mais. Por que outro motivo o palhaço, extrator maior de risada alheia, careceria da maquiagem pra estampar um sorriso?
Em curto intervalo, a morte - piada sem graça – privou-nos de ícones indeléveis que figuravam vertentes insubstituíveis do humor brasileiro. A libitina, todavia, de súbito, pode olvidar os comuns ou eternizar os excepcionais.
A lembrança do finado artista se dá por meio do que esse fazia – e ninguém mais o fez, e, por isso mesmo, ouvimos as músicas dos cantores, assistimos aos filmes dos atores ou lemos as obras dos autores. A sua imortalidade advém do seu apogeu.
Chico e Millôr, distintos em suas graças, unidos na mesma desgraça, deverão sempre ser lembrados, mas em suas atividades. Pois chorar em horas de dor é nada mais que o esperado, quero ver quem consegue rir diante das adversidades. Isso, eles fizeram.
Então, sobre ambos, suas mortes me farão gargalhar. Sei que isso não tem a menor graça, mas eles merecem. Nem que seja só para homenagear.
@Danilomaranhao
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