quinta-feira, 17 de maio de 2012

Look Vídeo



- Hey Dánilo. Ram bejá na boca ce mais eu!
(Nota: Pela riqueza cultural e dimensões continentais do nosso grande Brasil, temos, espalhados por todo o território nacional, diversos dialetos. Em alguns lugares eles consistem em trocar o “V” pelo “R”. “rumbora!”, “Ra li fudê” ou “tárra adoentado”.)
(Nota 2: Por outras razões que desconheço, existe, em alguns lugares do mesmo Brasilzão, a mania de particionar um inteiro. Logo, “nós dois” vira “ce mais eu” e “nós quatro” vira “ceis mais nóis”. )
- Vamos! Falei.  – Agora? Reiterei, um tanto trêmulo.
-É uai! Vem pra cá aqui ó. - E Bateu na manilha de cimento em frente à porta de sua casa, a qual ficava sentada várias horas quase todo dia.
Fui. Perna estava meio bamba. A barriga, subiu aquele frio. O rosto latejante tentava firmar o sorriso e esconder o pânico. Cheguei ao lado dela.
-E aí?
-Agora nóis beija, uai.
E veio. Me beijou. Fui condescendente. Não posso negar que existia muito de minha curiosidade para isso. Mas, apesar de não estar ainda familiarizado com o assunto, gostei.
E assim foi meu primeiro beijo. Romântico, não?
Ah! Eu falei que eu tinha 11 anos? E ela 17? Coincidentemente acho que era o mesmo tanto de dentes que ela tinha na boca. Não me importei com isso na hora e continuei a curtir o momento.
Nisso, abrimos um pequeno espaço para uma história apendicular.
Nesse mesmo período minha mãe tinha aberto uma locadora de vídeo. Look Vídeo. E de todos os catálogos disponíveis, fui de cara consultar o de entretenimento adulto. Enchi o saco da minha mãe até que ela deixou. Lembro que meu primeiro pornô foi um filme de 2 horas com lésbicas usando dildos de proporções titânicas - Na época da VHS não tinha essa de ficar acelerando o filme, não. Vi tudo. Completo.  Tinha um consolo lá que parecia uma Pet de Coca e lembro de ter pensado “- Será que chego a esse tamanho?” Se cheguei ou não, fica a dúvida no ar.
O ponto é que antes do meu primeiro beijo, já era eu um assíduo expectador da arte libertina.
Voltemos.
Curtindo o momento, consultei mentalmente o que já havia visto nos filmes e não hesitei, parti pra segunda base. E ela deixou.
Levantamos-nos da manilha e fomos para dentro de sua casa. Na sala. Ela sentou na poltrona, eu me aconcheguei no seu colo. Não! Ela não era gorda como a da história anterior. Eu é que era minúsculamente pequeno, com dito em outra história anterior.
Amasso vai, amasso vem, beijo aqui e acolá, foi tudo muito bom e tudo muito bem. Mas o pai dela chegou.
Fudeu! O cara era pastor da igreja, mais bravo que o Seu Lunga e mais forte que o pai do Cris, de Todo Mundo Odeia o Cris.
- Cê tem que sair agora!
- Como? Eu não vou topar com o seu pai. Tá doida?
- Pula o muro!
Claro que eu pularia. Aos 11, não havia um muro ou árvore que eu não subisse. Caí no lote vizinho, cheio de mato e carrapicho. Dei a volta no quarteirão e voltei pra casa. Ela era quase minha vizinha de frente. Minutos depois, ficamos nos olhando. Eu pela janela e ela pela manilha.
Passei de primeiro beijo para segunda base e fuga de sogro no mesmo dia. Começou bem. Ou não.
O fato é que essa história ainda continuou por uns bons dias. Ainda chamei alguns amigos e ela uma amiga dela – que divertiu uns três guris. Poderia ter sido também a primeira suruba, mas ficamos só nos beijos e amassos.
Foi bom enquanto durou. Se fosse hoje, ela seria indiciada, presa e o escambau. Qual o mal de ser bolinado por uma mulher? Queria eu ter tido uma professora no colegial que me levasse pra fazer sexo após a aula. Quando foi que o mundo virou tão viadinho?


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@Danilomaranhao

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