sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Velhos olhos de um ano novo

O novo é um místico recomeço
De algo que nos espera agora.
O velho, em imprevistos dias de ensejo
Foi, uma vez, a mocidade de outrora

O recém chegado, se quando à fronte
For descoberta a incertos passos largos
Imaculado, em seus devaneios vividos
Labuta mais que os já antes graduados

O que há por vir, porém
Na corriqueira vida tão ardia
Atenua e esmaece quando quem
Tem o velho e o novo em harmonia.



Era pra ser um Vt. Não rolou. Daí veio parar no depósito mesmo.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Realidade muito mais virtual

Veio-me uma repentina vontade de participar de algum reallity show. Aproveitar essa onda global e ver se faturo algum.

Pensando em qual eu me encaixaria melhor, fiz uma escolha através do modo eliminatório. Pois bem. Vamos às constatações.

Não sou mais universitário. O Aprendiz está fora.

Não fui escoteiro. No Limite e Survivor não dá pra mim.

Nunca gostei de animais e gosto da comodidade urbana. A Fazenda fora da lista.

Animais de pequeno porte também não me agradam. Ainda mais os nojentos. Jogo Duro sem chance.

Não sou inteligente. Logo Show do Milhão é bobagem.

Ainda não me casei. Troca de Esposas torna-se impossível.

Como não sou famoso, não conseguiria vaga na Casa dos Artistas.

Não tenho o menor talento com música, então sai Ídolos, Fama e Britain's Got Talent.

No entanto, sem saber nada, não querer fazer nada e sem dom pra nada, percebi que me encaixava perfeitamente no Big Brother Brasil. E cá estou eu solicitando o apoio de todos para me verem na casa.

Veja os motivos.

Razões pelas quais prefiro participar do Big Brother Brasil a ter que trabalhar.

Em três meses terei a chance de ganhar R$1.000.000,00. No meu trabalho terei que aguardar 985 meses para chegar a essa quantia.

Apesar de trabalhar com mulheres bonitas, elas não são permitidas a comparecer na empresa trajando minúsculos biquínis.

Trabalho para poder ter dinheiro que me permita ficar a toa na beira de uma piscina rodeado de mulheres bonitas. No BBB isso sai de graça.

Mas como nem tudo na vida são flores, existem alguns pontos tenebrosos ao se aventurar no programa da Rede Globo.

Fazer um ensaio no Paparazzo. Bom, azar de quem acessar. Não me responsabilizarei pelas terríveis imagens que serão apresentadas.

Ficar sendo centro de notícia para assuntos banais. Mas não posso cruelmente negar assunto a trabalhadores como Sônia Abrão, Leão Lobo, Antônio Tabet e Nelson Rubens.

Ser convidado a participar de um programa da Turma do Didi. Daí começo a querer desistir. Tomara que me convidem logo antes que eu mude de ideia.

2010 é logo aí. Então vamos que vamos.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Quanto custa?

Saiu hoje no Jornal Hoje sobre dois padeiros que reagiram a todo custo em tentativa de assalto e foram baleados. A polícia sempre fala para que em situações como essa, a vítima não reagir. Então ele tem que ficar vendo ser levado em poucos segundos o que lhe custou meses para conseguir.

Quando o assaltante age, alguém tem que agir também. Se não age a polícia, age a vitima e dá no que deu. Não me recordo de quando um policial em momento de lazer foi assaltado e não reagiu.

Muitas pessoas, mas muitas mesmo, ganham mais que um policial. E é claro outras ganham menos. Em Goiás, segundo a tabela informal levantada pelo PEC 300 na internet, a média fica em torno de R$1.700,00.

Se esse fosse meu salário, não me arriscaria a levar um tiro por ninguém. Que reajam os padeiros.

***

Até o momento foram descobertos 663 atos secretos no senado. Um deles beneficiava, de uma só vez, 350 funcionários com ganhos de até R$4.500,00 acima do teto permitido. Se for aplicada a mesma situação a todos os outros, são R$1.575.000,00 de dinheiro ilegal.

Só com esse ato, 926 novos policiais em Goiás poderiam dobrar o seu salário e, quem sabe, arriscar a tomar um tiro no lugar de padeiros.

Não vamos falar do Presidente do Senado nesse momento em função do pedido do Presidente Lula, que não quer que tratemos Sarney como uma pessoa normal. O Presidente, com o salário de sete policiais goianos – e sem nenhum custo de vida – não entra em frente de bala por ninguém. Nem por Sarney.

***

A Revista Veja dessa semana fez uma matéria sobre o comediante do CQC da Bandeirantes Danilo Gentilli. Ele atormenta os políticos do Congresso Nacional com uma acidez que lhe é peculiar, e que me da um imenso prazer em ver nossos representantes com suas esquivas malogradas diante das investidas desse repórter.

Alguns políticos tentam proibir a entrada de Danilo Gentilli no Congresso alegando que ele os fazem passar por incompetentes e lhes faltam com o respeito. Então proponho proibir os políticos de saírem do Congresso e “entrarem” no Brasil.

Por causa das investidas do CQC me interessei mais em política. E não acho que sou o único. Se for para politizarmos mais os brasileiros, o programa se torna até certa ótica, didático.

***

Os padeiros não reagiriam se os policiais agissem. Os policiais agiriam se ganhassem mais. Se o Congresso não roubasse tanto poderia repassar verba a setores públicos que carecem de fato, como segurança. O Danilo Gentilli de olho nos políticos pode, de certa maneira, coibir desvios estapafúrdios de verba pública. E se o Gentilli fica de olho nos políticos, terei de ficar de olho no Gentilli. Em nome dos padeiros.

Portanto, nas noites de segunda-feira, minha televisão ficará ligada na Rede Bandeirantes, Custe o Que Custar.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Inconstituições

Os Idosos do Rio de Janeiro que usufruem do benefício de transporte coletivo gratuito no Estado receberam recentemente uma carta assinada pelo presidente do Sindicato das empresas de ônibus do Rio, Joaquim Soares.
Esse é o fato.

Segundo a Rio Ônibus, os beneficiários estão exagerando na utilização do transporte gratuito. O que fere o artigo 230 da constituição.
Esse é o argumento.

O artigo 230 da constituição diz que “A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida” com uma especificação no § 2º que diz assim: “aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.
Essa é a contradição.

Muito me intriga a possibilidade de que os velhinhos, incólumes habitantes cariocas, se interessem em passar o tempo valendo-se de um transporte caótico com infraestrutura medíocre e dotada de um bando de austeros motoristas a disputarem entre si, partidas intermináveis de caxetas e dominós enquanto mexericam sobre a juventude desenfreada.
Essa é a dúvida.

Resta-me então o pensamento de que, se a ala da melhor idade enfrenta a arriscada e corriqueira tarefa de entrar em um ônibus, que por diversas vezes nem se quer para no ponto quando estes lhe dão o sinal, somente o fazem por necessidade e única opção.
Esse é o raciocínio.

O promotor Wagner Sambugaro mandou à Justiça uma petição para que o sindicato informe os usuários sobre o erro, em até cinco dias, mas o ilustre vice-presidente do sindicato, Otacílio Monteiro, informou que só vai se pronunciar sobre o assunto quando receber a notificação da Justiça. O que me lembra o deputado Sérgio Moraes do PTB, que está se lixando com a opinião pública, assim como Otacílio com os idosos.
Essa é a Política brasileira.

E enquanto nada se resolve, continuamos a fazer nossas reclamações, os velhinhos com suas sofreguidões, e as autoridades, nas suas abstenções.
Essa é a conclusão.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Ditos populares

Com toda essa farra e fanfarra das passagens aéreas envolvendo todos os níveis do clero político brasileiro, é de esperar que a população se revolte, como fez. A utilização do dinheiro público, descontado arduamente do contribuinte de cada canto do país, não pode, sob qualquer hipótese ser utilizado para fins pessoais. A não ser que...

Bem, digo sempre que os ditos populares são frases de cunho metafórico com um nível de sabedoria atingido somente por muita experiência. Pois é fato que quem desdenha quer comprar e pimenta no olho do outro é refresco. Toda essa indignação brasileira vem, de fato, não por termos uma execrável classe política usufruindo deliberadamente de recursos públicos para propósitos pessoais, mas sim por não fazermos parte desse privilégio de caolho em terra de cegos. Absurdo – Dizem – gastando meu dinheiro para fazer uma viagem que eu nunca poderei fazer. Ah se eu pudesse...

Inveja. Um vírus brasileiro que impede o avanço cultural e moral do país. Não queremos estudar e trabalhar e sermos bem sucedidos. E não queremos também que outros sejam. A alegria alheia incomoda. Nos nivelamos por baixo e esperamos que assim, sejamos todos iguais. Vemos o sucesso como uma provocação e o bem sucedido quer mostrar sua disparidade com a plebe. O jeitinho brasileiro fica por conta de querer sempre assomar-se. E nesse jogo de intrigas e corrupções quem nunca vai ganhar é o Brasil.

Resta-nos procurar outro destino. E queremos ir de avião.

Um raro prazer

Adoro ficar na porta lá de casa a noite fumando um cigarro e olhando pras estrelas. De bobeira mesmo. Perdido nos pensamentos enquanto queima a brasa. Na minha última – e primeira – viagem pra São Paulo, não deu pra fazer isso. Não tinha graça ficar olhando para as únicas duas estrelas solitárias que tentavam se mostrar vivas no meio de toda aquela cortina de fumaça e todo o tipo de poluição que domina o céu paulistano.

Foi impressionante e também angustiante conhecer a terra da garoa, que provavelmente, é garoa ácida. Todo aquele frenesi de carros, buzinas e correria pra todos os lados. Inclusive para o meu - Quase fui atropelado por uma Pajero no dia que cheguei. Um ritmo de vida caótico onde se faz necessário mais de 24 horas por dia para poder cumprir a agenda.

De fato, a concentração de grandes agências de publicidade, inegavelmente, está em São Paulo. E como qualquer estudante que almeja uma carreira considerável, tem que ceder as desvantagens de morar num grande centro urbano. Poder ver as grandes produções publicitárias, premiadas e memoráveis, de certa forma, tão próximas, foi o que consolou.

Conhecer agências que são referências nacionais e até mundiais, fizeram ficar ainda maior a minha paixão pela propaganda. A vontade de ficar horas e madrugadas a fio desenvolvendo algo que lhe traga prazer. Talvez seja até melhor virar a noite trabalhando do que voltar para casa no meio de todo aquele engarrafamento de perder a vista.

Se para tanto é necessário encarar tudo isso, que venha São Paulo. Já se disse na história que, tendo a vida tranqüila, temos que lutar e trabalhar, frenética e estressantemente para que alcancemos uma solidez profissional, e isso nos permita tirar férias ou quem saber aposentar para podermos ter, depois, uma vida tranqüila. Engraçado.

Daí quem sabe um dia, eu, já consagrado no meio publicitário, viajo pra Goiânia e fico na porta de algum hotel, fumando e olhando para as estrelas que ainda brilharem no meio do céu turvo, de bobeira com meus pensamentos.

Se o Senhor fosse meu pastor, nada me faltaria.


Um dia me disseram: - Quem quer mais, quer “caótica!” Fazendo uma ironia com o slogan da Universidade Católica. Eu até achei engraçado. Mostrava a revolta que a garota estava sentindo em relação a UCG. Mal sabia que se tratava de uma premonição. Infalível. Hoje, seis meses após ouvir esta frase, vejo confirmado o caos que se apossou da Universidade.

O cenário remete ao Apocalipse, as bestas destruidoras travestidas com uniforme da Católica carregam o código de barra com o 666 nos seus crachás. As batalhas são intermináveis. Gritos eufóricos e tomados por ira podem ser ouvidos na secretaria onde tentam comprar a alma dos alunos que querem apenas uma abençoada matrícula regularizada no sistema.

Nos demais setores estão espalhados os feitos diabólicos. Cobrança indevida de mensalidade para os alunos que se vendem ao demônio para poder pagar em dia. No pátio, aos montes de lixo e tumulto, os alunos lutam para poder comprar o pão que o diabo amassou.

E como não podia deixar de ser, um inferno só o é, se for quente. Muito quente. As salas de aula são a conexão com o "andar de baixo". Ar condicionado desligado enquanto os alunos queimam e suam para se adaptarem à nova era. E no comando disso tudo o “ilustríssimo” Reitor Wolmir Therezio Amado, na minha opinião, Lúcifer disfarçado, enquanto domina a mente dos vulneráveis que lhe seguem, pouco se importa com a situação. Fica com seus projetos de dominação, onde, dizem rumores, que irá comprar também a Cambury tecnológica e ainda a FASAM.

É chegada a Era das Trevas universitária. E no templo Católico de ensino se dará a construção do Império do Mal.

Era previsto. Está na Bíblia Católica.

Vamos agora fazer a fila e aguardar nosso julgamento. E a minha senha é a 666. Mau sinal.

Que Deus nos abençoe.

Recepção

Mais um que passou sem ao menos olhar para o lado. Ainda estou tentando contar, mas ao contrário do que pensei, o sono ficou maior. Ler outro folder, nem pensar! Já decorei até as cores de cada um, E não passa disso. Marasmo total.

Bem que poderia ser mais interessante. Algo mais cativante. E então no exato momento em que me recompusesse após uma “pescada”, eu a notaria desfilando elegantemente pelo corredor, esbanjando um brilho estonteante do branco de seus dentes que uniam-se harmonicamente a seus lábios para que pudesse exibir o mais lindo sorriso.

E enquanto eu desamassava a cara de sono e arrumava a camisa, por um deslize, desencontrei-me com a cadeira e o tombo tornou-se inevitável.

- Machucou? – Ela pergunta.

Que voz! Que timbre encantador. Um sussurro desses no meu ouvido e a paixão extravasaria os limites do imaginável.

- Só o coração.

- Como?

- Eh.. não foi nada não.

E daí ela sorri aliviada e um tanto tímida passando a mão nos longos cabelos pretos.

Emplacou! Penso. Cogitei a possibilidade de um outro tombo, e assim quem sabe já não nos tornaríamos íntimos... Mas meu glúteo ainda latejava e talvez, com outra queda não fosse possível disfarçar a dor.

- Pois não? – pergunto galanteador, já prevendo a sua resposta. – eu te quero – ela diria. Ela me queria. Me desejava ardentemente e não agüentava mais segurar esse sentimento. E agora me faria o convite. Iríamos juntos em uma viagem a uma praia deserta onde nos amaríamos sem qualquer pudor. Já podia até ver nossa casa no campo e os dois moleques correndo na grama e lavando o cachorro. Seu nome seria Toy. Toy era o nome ideal para o meu cachorro, na verdade, das crianças. Eu e ela abraçados no alpendre olharíamos ao longe e logo depois, um para o outro e nos beijaríamos fazendo juras de amor eterno...

- Eu quero fazer uma inscrição pro vestibular. É com você?

- Não. A esquerda na segunda porta.

É... Mas poderia ter sido diferente. Apenas um detalhe muda toda nossa vida. Deveria ter perguntado “o que deseja?”. Ela me desejava! Como pude falar “pois não?” Isso já trás negatividade. Assim nunca daria certo. É tudo mesmo muito complexo e emocionante...

Mais outra “pescada”. Essa foi das grandes. E acho que passou mais um sem olhar para o lado. Não sei. Perdi a conta e ainda estou com sono. Vou pegar mais um folder.

Off Line

A informática surgiu para resolver os problemas que, antes da sua criação, não existiam. Ouvi isso uma vez e estou de total acordo. E desesperado também. Meu PC deu pau. Não tenho como trabalhar sem ele. Na verdade, não vivo sem ele. Meus arquivos, planilhas, relatórios, enfim. Estão todos salvos nele. Meus emails, scraps, notícias... Como vou manter contato com o mundo lá fora?

Esse facilitador do dia-a-dia, que condiciona nossa vida a cliques e downloads, pra mim, um ilusionista que apresenta tudo a fácil alcance, nos prende a ele. Nos rende a sua soberania globalizada. Detém o controle de todos nós e se fortalece enquanto aumenta a nossa dependência escravizaria dos seus serviços.

Essa revolução das máquinas é um processo de dominação inevitável. Não há como fugir. O sistema determina e estreita o nosso curso. Extingue avassaladoramente qualquer alternativa que tente ser encontrada de continuarmos sem ele.

Esse texto mesmo, sinceramente, já não o faço com facilidade. Desaprendi a usar o lápis. Acho estranho ter que apagar meus erros com uma borracha, e até mesmo ter que acentuar as palavras, quando o Word o faz pra mim.

E não poderei nem ao menos compartilhá-lo com você. Como vou enviar-lhes um email? Tenho que para tanto, aguardar o atendimento de primeiros socorros do help desk. E quando chegar a lê-lo, significa que eu voltei à vida. Pelo menos até um próximo vírus.

Bem, só me resta esperar. Enquanto isso, vou jogar um pouco de paciência – nada mais sugestivo. Mas como é que se baralha as cartas de verdade?

* Esse texto foi arduamente escrito primeiramente com um lápis, e devido o desacostume, passado a limpo para que pudesse enfim ser digitado.

Sorriso amarelo

A copa da Europa é da Europa. E o favoritismo sul-americano na competição não passou das quartas de final. Nossos hermanos alve-royal de Carlitos Teves que por sinal embeleza o futebol brasileiro no Corinthians, não conseguiram derrubar a muralha do país de Berlim. E ela tem nome. Lehmann. Foi com ele que a dona da casa mandou nossos vizinhos mais cedo para a sua Europa sul-americana.

Já a seleção canarinho, pentacampeã, maior promessa da copa com todos os seus craques, e ainda a seleção mais cara do mundo, não sei se podíamos falar de uma promessa sul-americana na copa. Vinte dos vinte e três jogadores da seleção jogam fora do Brasil. Era um futebol europeu vestindo verde e amarelo, defendendo uma pátria que tão pouco freqüentam.

A seleção mais colossal se perdeu na busca pela sexta estrela. Talvez justamente porque tinha estrelas demais. Não tivemos em toda a copa, uma boa equipe e sim uma equipe com bons jogadores. Mas que decepcionaram. E muito.

Quanto ao nosso ilustríssimo professor Parreira, com sua inespressividade de sempre, frio, mais parecendo outro alemão, se mostrou mais cabeça dura do que nunca. Só que agora ele fracassou. Não teve êxito na insistência com seus garotos de trinta e tantos anos nas laterais. E permaneceu no erro como que joga um amistoso.

Ora meu amigo, peraí. Copa do mundo é copa do mundo. Cadê a garra? Emoção? Me parece que técnico e time não queriam jogar. Não corriam atrás da bola e nem ao menos sorriam como arriscou Ronaldinho Gaúcho contra a França de Zidane, le magnifique. Mas aquele sorriso foi tão amarelo quanto a camiseta. Deve ter sido a vergonha.

Gente. Olha o Felipão! Que exemplo de garra. Ele sabe fazer a diferença. Em 2002 ninguém acreditava na seleção, só o Scolari, assim como não esperavam nada de Portugal. Olha agora onde ficaram nossos colonizadores luzitanos sob o comando do técnico que nos trouxe o penta.

E em toda essa globalização do futebol, o Brasil sai à francesa da copa da Alemanha. Cada jogador pra sua casa. Dentre elas, Espanha, Itália, França e até quem diria, Brasil.

Me restou, ora pois, torcer e comemorar com o Felipão. Este gajo mereceu.

Mercedes


As mulheres estão conseguindo cada vez mais espaço na sociedade e igualando seus direitos ao dos homens. Hoje mulher compra casa e carro. E por falar em carro, a EcoSport da Ford e o C3 da Citroen são os mais lembrados na mente da mulherada. Tem ainda o Peugeot 206 e o Ford k. Agora, convenhamos, quantas mulheres você já viu comprando um Mercedes?

A marca já esta posicionada no mercado de luxo com foco no público masculino. Verifica-se na peça em que a estrela central da marca é representada por uma calcinha. Pra que dizer mais? Qual a mulher que não vai querer aquele “bonitão” bem resolvido que anda num Mercedes?

Elas não vão querer comprar um carro desses, vão querer um marido ou sair com um homem que tenha um. Aquela calcinha não representa nenhuma feminilidade ao carro, representa a recompensa para quem tem um Mercedes. Machismo? Alguns vão achar que sim. Mas o que se verifica hoje é o retrocesso das idéias que eram pregadas no movimento feminista da década de 60. E as mulheres estão querendo a vida de ladies da década de 50. Fazem questão de voltar ao status de Mrs, pois hoje cada vez mais mulheres estão adotando o nome do marido.

A foto do comercial da Mercedes é machista. Meu comentário que não é. A aceitação da condição de submissa aos homens esta voltando e o mercado publicitário dança conforme a música.

Não posso criticar a genialidade de quem criou um anúncio que remete tão ao certo a situação dos dias atuais. O que critico é a passividade das mulheres com a situação em que a sua imagem se encontra no cenário publicitário.

E depois de tantas conquistas que, apesar de pequenas, são o pontapé para a igualdade, vejo que não existe mais essa vontade de lutar e fazer valer a sua voz. Em entrevista a revista Veja edição especial mulher de 2006, Maureen Dowd, colunista do New York Times disse que “as mulheres preferem se casar com homens mais poderosos que elas e que os homens preferem as subordinadas”.

Entre tantas questões sobre sexualidade e apelo sexual nas propagandas, o que posso dizer é que, moderadamente, pode ser muito feliz, como foi no anúncio acima. E eu, enquanto não ando em nenhum Mercedes, me pego sonhando em quando terei pelo menos um Uno Mile.

Encontro

Como de hábito, eu estava sentado naquele desconfortável banco ao lado da lanchonete do pátio da faculdade fumando o meu cigarro e gastando um pouco do meu tempo nas minhas filosofias inúteis. Confesso que já dediquei vários minutos tentando entender com que raios os leões conseguem se acasalar por mais de oitenta vezes num único dia e outras coisas do tipo.

Absorto nas minhas idéias e em tudo o que se passava foi quando notei que ela estava descendo a rampa principal de acesso ao centro da área de intervalo, que no momento mais parecia uma passarela ostentando o charme das suas longas passadas que eram exibidas de forma a enaltecer as curvas de suas pernas cobertas até pouco mais que o joelho por uma saia branca de linho.

Trazia consigo um sorriso encantador que lhe acentuava as covinhas do rosto deixando-a com um ar angelical, o que contrastava com o indécoro decote de sua blusa azul de tirinhas, e que deixava exposta suas costas até o meio.

Ela foi se aproximando daquele rapaz que estava de costas próximo ao ponto cambury enquanto conversava com seus amigos de sala como sempre fazia nos intervalos e passava incessantemente a mão entre os cabelos, cacoete irremediável que já o fazia sem nem ao menos perceber. Tapou-lhe os olhos, perguntou quem era e o beijou na orelha dando uma leve mordiscada. Ele virou-se já com a certeza de quem seria e envolveu-a num ósculo meloso por demasia, o que me fez sair do pátio pelas escadas do fundo enquanto soprava meu último trago.

Cangaço

Abriu vagarosamente a porta daquele antro pecaminoso de luxúria. Figuras e figurinos voluptuosos tomavam todo o salão. Os boêmios embriagavam-se todos em meio à roda de pomposas meretrizes.
Serviu-se de um drink, aproximou-se de uma mesa em que estavam dois rapazes visivelmente embriagados gabando-se as raparigas e interrompeu:
-Perdoem-me os senhores, não pude deixar de ouvir o que falavam. São vocês então os responsáveis pela retirada dos posseiros da fazenda São Cristóvão?
-Sim, somos nos mesmos. E você quem é? – respondeu Fiapo num tom de poucos amigos.
-Pois saiba que nos matamos todos e que ainda tem mais pra morrer. – acrescentou Cuíca na tentativa de impressionar ainda mais as colombinas que os rodeavam.
Antes mesmo que pudesse responder, notou uma figura inexplicavelmente sensual o convidando para subirem ao quarto enquanto corria seus dedos em meio ao decote.
Angustiado em sentir de fato os prazeres que lhe tomavam os sonhos, despediu-se já ébrio dos dois rapazes e pode por fim gozar o logro de sua primeira cópula.

Começou assim...

Após outro dia da sua exaustiva permanência nesse confuso e curioso planeta, chegou exausto à cama que improvisara com os restos que encontrou num depósito de lixo. O malogro de seus aposentos estava acentuando-lhe as dores nas costas, o que resultava sempre em noites mal dormidas e incômodos pesadelos. Por fim, após uns goles de cachaça, hábito corriqueiro que adquirira há tempos para que pudesse esquecer seus problemas, sentiu pesar as pálpebras e rendeu-se as forças de Morpheu...

Abre os olhos e percebe que ela vem se aproximando de forma magistral. Tem suas curvas e sinuosidades realçadas pelo feixe de luz que passa pela fresta da porta. Não consegue ver seu rosto, mas sente o seu cheiro. Excita-se selvagemmente como um animal ao ver a fêmea no cio exalando seus ferormônios. Aquele corpo emana lascívia. Não sabe o que se passa ao seu redor e ainda não consegue mover-se bem. Está ao mesmo tempo meio anestesiado e com seus sentidos a flor da pele.

Ao tentar se levantar percebe que está numa sala de cirurgia trajando apenas uma camisola branca que lhe expõe as nádegas e o entrega quanto a sua libido despertada. Agora de pé e ainda tonto, sente atravessar-lhe o peito um iatagã dilacerando-lhe as vísceras de forma fatal. Cai no chão e sente seu corpo suar. Treme de frio enquanto observa aquela deusa majestosa sair da sala com o sabre ainda pingando as gotas de seu sangue clorofilado.

Acorda suado ainda nervoso com a sensação de que permanecia no encontro da morte e encontra ao seu lado sua garrafa de cachaça. Toma outros goles e agora mais tranqüilo volta a dormir, acomodando-se com a dor nas costas que ainda permanece.